terça-feira, 2 de junho de 2009

Textos 7 e 8 : "REFLEXÕS SOBRE O ESTADO ATUAL DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NOS NÍVEIS FUNDAMENTAL E MÉDIO" e "A GRAMÁTICA NO ENSINO DA LEITURA"

A LINGUAGEM: TEORIA, ENSINO E HISTORIOGRAFIA
AUTOR: CARLOS EDUCARDO FALCÃO UCHÔA
LUCERNA

MEDIADORA: Helena




FOTO DE UCHÔA





TEXTO ENVIADO POR HELENA
PRIMEIRAS PALAVRAS

A título de ilustração: Pinóquio às avessas: uma estória sobre crianças e escolas para pais e professores – Alves, Rubem. Campinas/SP: Verus Editora, 2005. (p. 08-23 – 29 – 31 – 32)

A LINGUAGEM: TEORIA, ENSINO E HISTORIOGRAFIA
CARLOS EDUARDO FALCÃO UCHÔA

• Quanto à linguagem – grande cuidado didático na exposição dos assuntos (enfático) e generosa adjetivação.

CAP. 2 – REFLEXÕES SOBRE O ESTADO ATUAL DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NOS NÍVEIS FUNDAMENTAL E MÉDIO. (1993)

• A CRISE NO ENSINO DA LÍNGUA MATERNA. (divisão de responsabilidades entre fatores: políticos, econômicos, sociais, metodologias, linguísticos e psicológicos.) (p. 35)
OBJETIVO DO ENSINO DA LÍNGUA MATERNA. (= “... aprimorar o desempenho comunicativo em língua materna - objetivo específico (EXCLUSIVO?) do professor do vernáculo.”) (discordo)

• PROBLEMAS ENCONTRADOS PELO PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA.
a) 1º problema: (p.36) heterogeneidade dialetal (má formação docente + livros didáticos preconceituosos em relação aos usos que não o culto).

b) 2º problema: (p.37) aceitação ou não de certas formas e construções como cultas. (na dúvida, o professor deve consultar gramáticas normativas de prestígio acadêmico e obras como o Guia de uso do português: confrontando regras e usos, de Neves (2003)). Sugere que a atitude do professor deve ser a de maior receptividade quanto a ocorrências linguísticas, sobretudo na modalidade escrita – dependendo a finalidade do texto.

c) 3º problema: (p.38) falta de correlação entre o trabalho científico e o trabalho pedagógico – Crítica à contribuição da Lingüística ao ensino do Português - reflexos evidentes estão nos manuais didáticos. (Crítica à má formação do professor - Livro didático = Bíblia do professor). Problemas apresentados nos livros: pouca preocupação com o ensino da oralidade *(Marcuschi p. 32); quanto à leitura, só um décimo das questões exigem reflexão, inferência ou raciocínio crítico; sobre o conteúdo variação linguística: algumas atividades revelam erros conceituais e inadequação metodológica (Grande maioria das tarefas é de reescritura com correção) *(Dionisio p.84-83); e em relação aos manuais didáticos (suas sugestões de exercícios não apresentam instruções correspondentes).

OBS: Alternância de foco: ora, são os livros que não cumprem sua função = orientar professores; ora, são os professores despreparados, que mesmo de posse de bons livros, não desenvolvem a competência linguística de seus alunos.
“...professor de língua não tem obrigação de ler teoria linguística.” (p.40) (discordo).

• CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS: (p.40) “...repensar o ensino dos conteúdos programáticos ministrado ao longo dos níveis fundamental e médio [...] que são: produção textual, leitura e gramática.” Proposta:
a) Integração dos três aspectos do ensino da LP: produção textual, leitura e gramática. Ênfase ao texto. (p.41)

b) Sobre o ensino da gramática – crítica à ênfase ao saber metalinguístico. Ensino da gramática é predominantemente prescritivo. (p. 41-42)

c) O que se espera do ensino da gramática na escola? = conexão entre gramática e o uso textual = intencionalidade do falante. “...primeiras série da vida escolar deveriam estar voltadas para atividades linguísticas e epilinguísticas.” (p.43) “Quer dizer: antes de saber o que é um substantivo, um verbo ou um advérbio, é preciso ter-se servido efetivamente dessas distinções no trabalho de construção e reconstrução das expressões.” (p.44)

• SOBRE O ENSINO DO TEXTO: (produção textual e leitura/compreensão).
Quanto à produção: (p.44) “...o ensino da língua deve ser centrado no texto, pois nele, (...), é que a língua se revela em sua potencialidade.”
Produção textual: (p.45) “Uma das causas da dificuldade de o aluno compor um texto escrito...” (p.46) “Não é, pois, sem razão que tantos profissionais de formação universitária apresentam enormes embaraços, uma grande insegurança, ao terem de redigir um texto...”
Quanto à leitura: (último § p.46) “A leitura na escola é (...) uma reprodução quase sempre mecânica de idéias captadas nos textos, numa atividade enfadonha, improdutiva e acrítica.” (p.47) “...é essencial que o professor seja um leitor experiente, crítico, no seu trabalho de formação de leitores.”

• UMA PROPOSTA DE SAÍDA DA CRISE: “... a renovação do ensino de Português (...) só será efetivamente eficiente se for satisfatória a interação professor e aluno.”
“O papel do professor deve ser [...] de coordenador de atividades coletivas na sala de aula, preocupando-se muito mais em uma relação afetiva com seus alunos do que no exercício de autoridade. É preciso que professor e alunos gostem de estar e trabalhar juntos.” (p.47)


CAP.7 – A GRAMÁTICA NO ENSINO DA LEITURA

• Quanto aos conteúdos de ensino da língua = Cap.2 – p.41 – necessidade de integrar os três conteúdos fundamentais no ensino de LP: a produção textual, a leitura e a gramática.
(p.105) 2º § “...a gramática não de ser um estudo isolado e autônomo no campo da aprendizagem da língua, como também o texto não deve ser reduzido a mero pretexto para o estudo gramatical, como se constata no exame de muitas séries didáticas.”
O texto (qualquer texto, do aluno e do professor também) pode servir de ponto de partida para a análise gramatical, mas só após alcançada sua compreensão.
(p.106) Objetivo do ensino da gramática = “...contribuir para a prática da leitura...”

• Sua fundamentação teórica (p.106) = calcada nos três níveis de linguagem preconizada por EUGENIO COSERIU:
O saber Universal = o saber elocucional (o falar em geral)
O saber Histórico = o saber idiomático (o saber falar certa língua)
O saber Individual = o saber expressivo (o saber organizar um texto em circunstâncias determinadas)

• Em relação à gramática nos três níveis da linguagem: (último § 106 / 107)
No nível do saber Universal - gramática geral ou teórica – (fundamenta uma teoria gramatical, cujo propósito consiste em definir as chamadas partes do discurso, as funções e os procedimentos gramaticais).

No nível do saber Histórico - gramática descritiva de uma língua ou, mais precisamente, de uma variedade dessa língua. (está apoiada num conjunto de postulados teóricos, irá dizer se esta ou aquela categoria se acha ou não representada numa língua; em caso afirmativo, precisa-lhe as formas de expressão e as funções que pode desempenhar.)

No nível do saber Individual (nível do texto) - análise gramatical de certo texto. (sua tarefa é de precisar os valores das unidades e recursos gramaticais presentes em um determinado texto)

• (p.108) A análise gramatical ainda predominante em nosso ensino está no campo da “língua”, sem que haja a distinção entre:
O significado = conteúdo de um signo enquanto dado numa determinada língua.
O sentido = conteúdo próprio de um texto, o que o texto exprime além e através da designação e do significado.

• Descrição gramatical (nível da língua, do significado) X Análise gramatical (nível do texto, do sentido) (último § 108/9)

Objetivo da análise gramatical = “... a análise gramatical se apresenta, no ensino, como um recurso importante para a compreensão do texto e, assim, como recurso de que o professor deve valer-se para ajudar os alunos na depreensão do sentido do que se está lendo, uma mensagem global de complexidade de graus diversos.” (p.110)

Definição de leitura = “A leitura, na verdade, é uma atividade interativa (como o autor e o texto) altamente complexa de produção de sentidos por parte do leitor, a exigir dele bem mais que o conhecimento lingüístico.” (p.112)

O autor faz uma análise gramatical do conto Uma esperança de Clarice Lispector. (= importância do adjetivo na construção de sentidos do texto; polissemia da palavra “esperança” e polifonia do texto).(p. 112 – 115)

Sugestão: Lições de Gramática para quem gosta de Literatura – CAMPOS, Carmen Lucia & SILVA, Nilson Joaquim. São Paulo: Panda Books, 2007.

ÚLTIMAS PALAVRAS
Parece-nos que o segredo está em deixar fluir a criatividade. Não estamos diante de uma discussão meramente teórica, mas sim de uma questão prática, à qual é preciso responder também com soluções práticas.

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