sábado, 6 de junho de 2009

EDUCAR É CONTAR HISTÓRIAS?????

Não resistir em postar este texto. Claudio Moura Castro reduz a pedagogia e a didática à arte de contar histórias... Mais, diz que estas foram contaminadas por ideologias... como se pudessem existir sem elas. Toda educação é ideológica, por conseguinte, toda didática também!
Depois, como se não bastasse, cita Jesus Cristo e Walt Disney, dizendo que aprendemos com as histórias. Jesus encerrava com cada história, uma mensagem moral... já Walt Disney, bem, este ele não poderia dizer que todas as suas histórias encerrassem uma moral, asim diz que não necessariamente presisamos concordar com elas, o que temos que aprender são as técnicas de narrativa!!!!!!!!!! Conclusão: se entendi bem, Ele reduz a educação à técnica de contar histórias?????? O que vocês acham?



Não nego a importância de uma boa narrativa para prender à atenção da turma, mas a pedagogia não é só isso!!!!!!!!





EDUCAR É CONTAR HISTÓRIAS

De que servem todos os conhecimentos do mundo, se não somos capazes de transmiti-los aos nossos alunos? A ciência e a arte de ensinar são ingredientes críticos no ensino, constituindo-se em processos chamados de pedagogia ou didática. Mas esses nomes ficaram poluídos por ideologias e ruídos semânticos.

Perguntemos quem foram os grandes educadores da história. A maioria dos nomes decantados pelos nossos gurus faz apenas "pedagogia de astronauta". Do espaço sideral, apontam seus telescópios para a sala de aula. Pouco enxergam, pouco ensinam que sirva aqui na terra.

Tenho meus candidatos. Chamam-se Jesus Cristo e Walt Disney. Eles pareciam saber que educar é contar histórias. Esse é o verdadeiro ensino contextualizado, que galvaniza o imaginário dos discípulos fazendo-os viver o enredo e prestar atenção às palavras da narrativa. Dentro da história, suavemente, enleiam-se as mensagens. Jesus e seus discípulos mudaram as crenças de meio mundo. Narraram parábolas que culminavam com uma mensagem moral ou de fé. Walt Disney foi o maior contador de histórias do século XX. Inovou em todos os azimutes. Inventou o desenho animado, deu vida às histórias em quadrinhos, fez filmes de aventura e criou os parques temáticos, com seus autômatos e simulações digitais. Em tudo enfiava uma mensagem. Não precisamos concordar com elas (e, aliás, tendemos a não concordar). Mas precisamos aprender as suas técnicas de narrativa.

Há alguns anos, professores americanos de inglês se reuniram para carpir as suas mágoas: apesar dos esplêndidos livros disponíveis, os alunos se recusavam a ler. Poucas semanas depois, foi lançado um dos volumes de Harry Potter, vendendo 9 milhões de exemplares, 24 horas após o lançamento! Se os alunos leem J.K. Rowling e não gostam de outros, é porque estes são chatos. Em um gesto de realismo, muitos professores passaram a usar Harry Potter para ensinar até física. De fato, educar é contar histórias. Bons professores estão sempre eletrizando seus alunos com narrativas interessantes ou curiosas, carregando nas costas as lições que querem ensinar. É preciso ignorar as teorias intergalácticas dos "pedagogos astronautas" e aprender com Jesus, Esopo, Disney, Monteiro Lobato e J.K. Row-ling. Eles é que sabem.

Poucos estudantes absorvem as abstrações, quando apresentadas a sangue-frio: "Seja X a largura de um retângulo...". De fato, não se aprende matemática sem contextualização em exemplos concretos. Mas o professor pode entrar na sala de aula e propor a seus alunos: "Vamos construir um novo quadro-negro. De quantos metros quadrados de compensado precisaremos? E de quantos metros lineares de moldura?". Aí está a narrativa para ensinar áreas e perímetros. Abundante pesquisa mostra que a maioria dos alunos só aprende quando o assunto é contextualizado. Quando falamos em analogias e metáforas, estamos explorando o mesmo filão. Histórias e casos reais ou imaginários podem ser usados na aula. Para quem vê uma equação pela primeira vez, compará-la a uma gangorra pode ser a melhor porta de entrada. Encontrando pela primeira vez a eletricidade, podemos falar de um cano com água. A pressão da coluna de água é a voltagem. O diâmetro do cano ilustra a amperagem, pois em um cano "grosso" flui mais água. Aprendidos esses conceitos básicos, tais analogias podem ser abandonadas.

É preciso garimpar as boas narrativas que permitam empacotar habilmente a mensagem. Um dos maiores absurdos da doutrina pedagógica vigente é mandar o professor "construir sua própria aula", em vez de selecionar as ideias que deram certo alhures. É irrealista e injusto querer que o professor seja um autor como Monteiro Lobato ou J.K. Rowling. É preciso oferecer a ele as melhores ferramentas – até que apareçam outras mais eficazes. Melhor ainda é fornecer isso tudo já articulado e sequenciado. Plágio? Lembremo-nos do que disse Picasso: "O bom artista copia, o grande artista rouba ideias". Se um dos maiores pintores do século XX achava isso, por que os professores não podem copiar? Preparar aulas é buscar as boas narrativas, exemplos e exercícios interessantes, reinterpretando e ajustando (é aí que entra a criatividade). Se "colando" dos melhores materiais disponíveis ele conseguir fazer brilhar os olhinhos de seus alunos, já merecerá todos os aplausos.
Claudio de Moura Castro - economista

2 comentários:

  1. O texto do Claudio usa imagens capazes de sacudir qualquer leitor. Evitando essas polêmicas, vamos ao que realmente está no centro das atenções: ensinar por meio de histórias.
    Há algo mais simples e eficaz? Alguém é capaz de aprender (ou apreender) se não souber a própria história, se não souber que é capaz de fazê-la?
    Alguém é capaz de ensinar se não está consciente da sua história?
    "Um ótimo professor é sempre um ótimo contador de histórias". Ouvi com a alma e comecei a perceber que um ótimo professor se interessa pela história de seus alunos, luta para ajudá-los a escrevê-la em plenitude, ao mesmo tempo em que sente que também vai escrevendo a sua própria saga.
    Ter o espaço da sala de aula visitado por contos maravilhosos e fantáticos é romper paredes e juntar olhares brilhantes de crianças, jovens e adultos - meus alunos, adolescentes e adultos, adoram mitos; já os encantei com o amor de Eros e Psique, preocupei-os com os trabalhos de Hércules, instiguei-os com as aventuras de Perseu.
    E as histórias não param por aí. Sei de sua importância para construir afetividade em ambientes virtuais de aprendizagem, de sua eficácia quando se apresentam como casos para análises de administradores e de professores; de sua extrema simplicidade ao suavizar o ensino na aprendizagem através de problemas.
    O Cláudio exagerou, mas difícil seria não fazê-lo ao abordar um tema tão apaixonante.

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  2. Ah, Carmem, ele pegou muito pesado (rs) :"é preciso ignorar as teorias intergalácticas dos "pedagogos astronautas" Que ele defenda a arte de contar histórias, vá lá! Acho fundamental que conheçamos o processo histórico do que vamos ensinar, fundamenta e baliza nosso conhecimento...mas um aluno não pode ficar 4 horas sentado ouvindo hoistórias. Como você disse, ele exagerou. Aliás, acho que ele sempre exagera. Será jogada de marketing?

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