sábado, 6 de junho de 2009

A PICHAÇÃO NA CIDADE E NO MUNDO: UM HÁBITO DA IDADE DA HISTÓRIA DO HOMEM




Conheça algumas das frases gravadas na memória de várias ruas cariocas

João Paulo Aquino, Jornal do Brasil, 05/06/2009



RIO - No princípio era o verbo, e o verbo faz-se paisagem na Cidade Maravilhosa. Em várias ruas do Rio, fachadas de prédios, monumentos e até grafites deixam mensagens que dão margem a interpretações certeiras ou enigmáticas. Em Copacabana, a estátua de Carlos Drummond de Andrade descansa, de pernas cruzadas, sobre o verso “No mar, estava escrita uma cidade”. No cemitério São João Batista, o latim Revertere ad locum tuum lembra a acolhida final: “Volta ao teu lugar”. E até mesmo o que poderia ser considerado pichação, como os versos do profeta Gentileza, no Viaduto da Perimetral, transformou-se em orgulho.

Nos quartéis de bombeiros, há o empréstimo do filósofo romano Terêncio: “Nada do que me é humano nos é indiferente”.

– É uma manifestação cultural, as cidades são vivas. Essas frases acabam compondo uma efervescência cultural – defende Flávio Cordeiro, sócio-diretor da agência publicitária Binder. – A própria sociedade tende a expelir a intervenção agressiva e adotar as positivas – completa.

Há também frases ilegais, criadas por vândalos, que acabam fazendo parte da cidade pelo fato de que é dever do proprietário apagá-las – a Comlurb só apaga pichações no patrimônio público, gastando R$ 90 mil por mês.

Algumas se tornam frequentes e constantes, como “Só Jesus expulsa os demônios das pessoas”
e suas variações, comuns em armazéns da Zona Portuária.

O poeta Jorge Salomão afirma que esse comportamento está presente em várias cidades do mundo e que não deixa de ser um dado cultural da urbanização.

– Perto da minha casa tinha uma pichação linda: “Ouça o silêncio”. Era um slogan poético que me fazia pensar várias madrugadas – compartilha o poeta.




A Cecília enviou um e-mail falando sobre esta reportagem que acabei de postar. Não pude deixar de lembrar das pichações do Muro de Berlim. Vejam algumas fotos. Flávio Cordeiro diz que a cidade está viva. Mais que isso! O mundo está vivo!!!





2 comentários:

  1. gostei muito☺☺☺☺

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  2. O mundo está vivo e sempre esteve, entretanto ele fala, grita, clama e... quem o ouve?
    Talvez por isso, ele tenha descoberto novas formas de dizer-se, formas que se assemelham a um soco no estômago; pois a linguagem sutil de sempre: um ramo de fores que espia por cima de um muro, uma pedra que tem um momento de ousadia ao brilhar ao sol, um bem-te-vi que canta, ou mesmo um cão que ladra projetando patas e focinho através das grades de um portão... não se fazem mais ouvir.
    Se precisamos de socos no estômago para sentir a vida do mundo, realmente é época de pichações, de bombas lançadas contra manifestantes,de textos escritos em caixa alta, de batidões e de sirenes.
    Tempo de homens que perderam a sensibilidade e precisam voltar a se (re)encontrar.
    Carmem Quintana

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